domingo, 4 de abril de 2010

Os Homens Que Odeiam As Mulheres


Ficha Técnica:
Nome: Os Homens Que Odeiam As Mulheres ("Män som hatar kvinnor")
Ano: 2009
Banda Sonora: Jacob Groth
Realizador: Niels Arden Opley
Produzido: Soren Staermose
Actores: Noomi Rapace; Michael Nyqvist
Duração: 152 minutos
Autor do original: Stieg Larsson
País: Suécia

Autor:
O livro “Os homens que odeiam as Mulheres” foi escrito por Stieg Larsson, sendo o primeiro livro da sua trilogia “Millennium”.
Stieg Larsson nasceu no dia 15 de Agosto de 1954, foi escritor e jornalista sueco, responsável pela revista Expo. Lutou contra os movimentos neo-nazis que emergiam na sociedade sueca. Escreveu três livros que constituíram a Trilogia Millennium. A sua vida acabou tragicamente no dia 9 de Novembro de 2004 devido a um ataque cardíaco.
As suas obras tiveram um sucesso mundial só após a sua morte. A série de livros Millennium não se pode considerar terminada, pois o autor planeava escrever mais seis livros, infelizmente não o conseguiu realizar.
Trilogia Millennium:
 Os Homens Que Odeiam As Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo)
 The Girl Who Played with Fire
 The Girl Who Kicked the Hornets' Nest

O sonho da Razão cria Monstros

O filme Os Homens Que Odeiam As Mulheres relata fidedignamente a história do livro de Stieg Larsson, resumindo algumas partes mas mantendo o cerne da acção. Tanto o leitor como o espectador cinematográfico vivem uma atmosfera misteriosa e original, incomparável com blockbusters americanos ou comédias francesas. Até para um crítico de cinema experimentado este filme sueco é uma experiência nova. Na Europa do Norte o livro teve um grande sucesso, é o livro mais vendido desde sempre na Noruega e Dinamarca. O primeiro livro da trilogia foi traduzido para treze línguas. O filme herdou a tradição de sucesso da obra escrita, este sindroma nórdico surpreende pela positiva.
Ao contrário da maioria dos filmes europeus e, sobretudo, o chamado arthouse o filme não carece de cor e joga com o crepúsculo de uma maneira fantástica. Este jogo de cor e luz cativa o olho. A banda sonora não é algo que se destaca, mas sim um acompanhamento harmónico do filme.
Alguns críticos e espectadores consideram que o filme expõe as cenas violentas de forma demasiado realista, embora os outros tinham considerado que este aspecto torna o filme ainda mais interessante do ponto de vista da crítica social.
A história começa com um estranho quadro que Henrik Vanger, um milionário e fundador da poderosa empresa CEO, recebe pelo correio. Vanger invoca um jornalista especializado na investigação, Mikael Blomkvist, para investigar o desaparecimento da Harriet Vanger – sua subrinha. Ele suspeita que a rapariga foi assassinada por um membro da numerosa família Vanger há 40 anos.
O quadro que Henrik recebeu é um herbário, o que poderá simbolizar a esperança frágil e maligna que este homem tem em encontrar o sua sobrinha ou, pelo menos, desvendar o mistério da sua morte e vingar-se. Esta esperança é maléfica, pois destrói Vanger psicologicamente.
Lisbeth Salander é uma hacker que investigou sobre a entidade de Mikael Blomkvist e interessa-se pelo caso que ele investiga. Junta-se a investigação do Blomkvist. Lisbeth é uma rapariga muito especial, para além de ser hacker é extremamente inteligente, corajosa e tem memória fotográfica. No entanto, ela tem tendências anti-sociais agressivas, um estilo de dark-punk ou gothic-punk, é bissexual e a sua coragem flutua entre o sentimento hipertrofiado de justiça e loucura completa. O seu passado é obscuro e o futuro é indeterminado. Ela é um tipo de personalidade completamente independente do resto do mundo e dos estereótipos sociais, rebelde e incontrolável, que gosta de enfrentar a opinião social.
O seu estilo releva o seu estado psicológico, o preto simboliza depressão e uma tentativa de defesa do mundo exterior, tal como solidão e independência. Nas costas Lisbeth Salander tem uma tatuagem em forma de dragão. O dragão em mitologia e tradição europeia, tal como nas outras culturas, o dragão simboliza sabedoria e, em simultâneo, as forças do mal. Assim, toda a personagem de Lisbeth não é só enigmática mas também simbólica, quase ocultista.
Ao longo da sua investigação os enigmas emergem à superfície formando um quadro cheio de sangue, ódio e violência. Para além de uma série de assassínios rituais de mulheres é revelado o lado negro da sociedade e os fantasmas terríveis do nazismo.
No filme não há nem idealistas nem anjos, mas si é revelado o lado obscuro da sociedade, que esconde mistérios terríveis sobre a imagem de bem-estar ou de american dream…
Pessoalmente, acho que neste filme nota-se uma nítida crítica social e uma tentativa de prevenir a sociedade de neo-nazismo que, infelizmente, emerge cada vez mais nas sociedades democráticas ocidentais que com o passar do tempo esquecem-se da vergonhosa e desumana experiencia de Holocausto.
Outro aspecto é a evidenciação de casos de violência extrema que as mulheres por vezes sofrem. Pois há pessoas que as consideram como inferiores ou mesmo animais e objectos, nomeadamente objectos sexuais. Estes indivíduos que julgam-se superiores e todo-poderosos esquecem-se que são as mulheres que os deram vida, e que para além de serem capazes de fazer maior milagre, são seres humanos, dotadas de inteligência, razão, espírito e alma. São cientistas, criadoras, protectoras… Originais, espirituais, sabias… As pessoas que tendem rebaixar os outros revelam apenas uma insegurança e debilidade psicológica que pretendem compensar afirmando a sua força física ou até crueldade.
Infelizmente, nestas sociedades que se julgam tão racionais, democráticas e civilizada as mulheres sofrem violência e descriminação. Para ver a dimensão e profundidade do problema basta ver as estatísticas: uma em três mulheres sofre ou sofreu violência doméstica. Na Espanha uma em dez mulheres é vítima de violência doméstica. E o que a sociedade faz para mudar a situação? Nada. Muitos vivem a sua vida e saboreiam o seu copinho de vinho como nada se passasse. Mas para esses e outros, que não só são indiferentes, mas mesmo violentes, devo relembrar que são mulheres que dão a vida e se as suas crias não as respeitam não merecem essa dádiva…
Desta forma, o filme Os Homens Que Odeiam As Mulheres poderá não ser uma experiência agradável para aqueles que não querem ver a realidade ou para aqueles que são cruéis, mas será sempre uma experiência educativa. Pois irá comover algumas pessoas através de uma crítica social.

Recursos:
http://www.millennium-ofilme.com/inicio.html